sexta-feira, 13 de abril de 2018

Viajantes do Peito

Como dois viajantes perdidos
Nos encontramos sem procurar
Caminhos cruzados 
Pelo fio do destino
Num breve suspiro a se entrelaçar
E no vento da última noite
Pela porta do último andar
Teus olhos de Estrela d´alva
Hipnotizaram o meu olhar
A primeira vista
Mas não sei quem viu primeiro
E como se já fossemos velhos amigos
Brincamos de se apaixonar
Num terraço feito de flores
O altar da vida nos consagrou
E naquela madrugada...
Esquecemos de dormir
Só para amanhecer
Como dois estranhos 
Mais íntimos que irmãos
E no triangulo do teu peito
Meu cristal se encaixou
Enquanto o ninho 
Do teu braço direito
Abraçou um beija-flor 
Que em mim voava sem rumo
E de repente simplesmente pousou
Pétalas de rosa, caindo pelo chão
Perfumando a manhã e a estrada 
Da nossa tão breve despedida
Enquanto eu seguia para a montanha
Tua permanecia na frente do mar
E mesmo tão distante
Continuamos sonhando um com o outro
Só para acordarmos juntos
Mesmo sem estar
Reviravoltas do peito
Me fizeram voltar
E mais cigano que eu
Foi a tua loucura
Desapegando das gaiolas
Para seguir o vento do amor
Mas antes, foi o Mar quem confirmou
Nosso beijo salgado
Adoçando as ondas da praia
Mergulhamos um no outro
Sem nem mesmo respirar
E o coração foi navegando 
Sem saber onde ia parar
Então foi aqui, na Cidade dos Cristais
Onde a vida nos lapidou
Enquanto todos diziam
Como eramos iguais 
Nos reconhecíamos num espelho 
Feito de luz e sombra
Enxergamos o amor, a dor e a flor 
Espinhos de rosas vermelhas
Nos ensinando a cultivar
Um jardim tão delicado
Quantos as feridas que viemos curar
Com o veneno do escorpião
Que nos faz ser um só
Misturamos o fel e o mel
Para encontrarmos um antidoto 
Do coração...até a ponta do ferrão
Expomos as nossas fraquezas
Enquanto ficávamos nús
Aprendendo a se expressar
Como crianças correndo
Fomos rápidos de mais
Mas agradeço a cada segundo
Que tecemos um com o outro
E hoje desatamos os nós
Para cada um seguir seu destino 
Das minhas mãos...
Uma pena, um cristal e uma concha
Dos teus olhos...
O brilho de uma gota de lágrima
Lavando a nossa história
Enquanto o nosso olhar
Congelava o passar das horas
O calor do nosso abraço 
Derretia as diferenças...tão iguais
Dois amantes, irmãos do tempo,
Libertando velhas histórias
Para um novo recomeço.

(Para o Menino de Estrela d´Alva)

Guiel




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