quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Dezessete? Sete? Nada.

Esgotou-se, acabou-se.

È o fim de um começo inacabado,

A juventude? Perdida por ai

Em alguma estação de metro,

Bebendo catracas e sabotando a realidade.

Enquanto eu, me procurava

Em algum gramado fazendo fotossíntese ao meio dia

Esparramado pela rotina,

Fingindo que era jovem de mais pra me preocupar com a bolsa de valores.

Mas na teoria, não mais

Com o fim, vem o peso, o fardo os dezoito

Esse sim, me causa cólera. Causa-me...

Vontade de engolir os ponteiros do relógio

Para que este não mais marque os minutos gastos

Manifesto a minha angustia, feita de tempo

Vou mastigar as paginas do calendário

Não quero mais um ano pesando na curvatura das costas.

Prefiro a loucura dos meus dezessete

Prefiro a valsa dos hipocondríacos

Prefiro ainda o plano de fuga inatingível

Este sim era digno de devaneios

Era compatível aquelas três carcaças

Que transbordavam no tablado, na sala ou na calçada

Catatonia não é?

Essa esquizofrenia que agente sente quando se é jovem de mais

E não quer ver o tempo estampar tua carne

Essa eu ainda sinto, parece imperecível.

E ao fim dos meus dezessete declaro falência ao sistema antropofágico

Se este for irreversível viro hippie,

Se for temporário tento fingir não ser

De qualquer jeito o tempo me pegou pelo braço, me apertou a face

E beijou-me o lábio como quem beija á um tuberculoso

E agora me obrigou a segui-lo, ou pelo menos cumprir o que é cronológico

Prometi a mim, que não seria trágico nem traumático

Mas ainda sim, arde o peito

Ver os dezessete perdendo sua cor, ou pelo menos sua veracidade.

È essa, tenho certeza que é,

Essa tal... verossimilhança que nos prende a realidade

Nos presenteia com dores, cansaço e idade

Se os velhos não podem criar suas rugas

Sugiro que as extermine

Pelo menos assim não terei de me preocupar com a maldita bolsa de valores.

Antes Dezessete...

Dezessete e parecia não acabar,

Agora Dezessete virando poeira

Dezessete? Sete? Nada

Meia noite...Dezoito,

Dezoito e parecia não acabar.

(Dedico a melhor época da minha vida, aquela que agente se lembra quando não tem mais o que viver, e percebe o quanto se fez pra que tudo vale-se a pena.)

Guilherme Radonni

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