As vezes canso de remar
Nessa imensidão de águas
Que sem eu perceber
Inundam os meus próprios olhos
E escorrem feito a chuva
Lavando as feridas mais escondidas
Que ainda não cicatrizaram
As vezes arde o peito
Sentir o sal das lágrimas
Corroendo a ilusão
Mostrando a luz e a sombra
Num mesmo espelho
Que sem avisar...me vira do avesso
Navegando de um lado para o outro
Procurando um tesouro perdido
Que pirata nenhum é capaz de encontrar
Quantas vezes já me afoguei
Nessa busca de mim mesmo
Resgatando reflexos que afundaram
Junto com ancoras que viraram areia
E ainda sim, são pesadas de mais
Para o meu pequeno barco
Que navega sem cais
Fazendo da fé um porto seguro
Seguindo o farol que aponta
Para aquela ilha distante
Que fica escondida
Bem no fundo do coração
Me entrego a esse mar
E peço licença pra mergulhar
Sanar meu lamento ingrato
Que pouco sabe sobre amar
Mas rogo para ter folêgo
E nado para aprender
Já que a sina do rio
É desaguar no oceano
Então me entrego a essa correnteza
Que outrora represei
E me lavo nas águas do perdão
Como num banho de riacho
Diluindo todas as barragens
Das água estancadas em mim
E nessa lagoa me decantar
Pra ser lama e voltar ao barro
De onde veio água tão pura
Bebo da fonte que não tem fim
Mas que gota matara minha sede
Do abismo profundo que a em mim
Se eu mesmo sou a tromba d´agua
Que um dia regou o jardim
Hoje só me resta ser o orvalho
Pra evaporar e feito garoa cair
E regar de novo a seca
Do que murchou dentro de mim.
Guiel
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