Estava no 24º andar
De um edifico vazio
No meio de uma tarde laranja e azul,
Os rostos eram sem rugas
Ou manchas de angústia
Daquelas que vêm quando se passa
Tempo de mais respirando o fluxo cinzento.
Eu nadava no céu
Perdido ou mergulhado
Em uma espécie de nostalgia do presente,
E Naquele vácuo físico-imaterial
Encontrei um velho “Alien” que me disse
Com fotografias e movimento
Da vontade cinegética de nos ancorarmos
Em projeções do antigo passado,
Do cheiro da memória que nos atrai
Para um rastro de negação do que é real.
Era isso que eu fazia no 24º andar
Enquanto projetava o meu imaginário
No reflexo das vidraças velozes dos prédios
Como um projetor de cinema numa tela vazia e branca.
Por que não estraçalhar todas as vidraças?
Quem sabe alguns cacos temperem melhor
Isso que chamamos de tempo,
Vamos rasgar os relógios e fazer das horas
Um prédio vazio da onde se possa saltar!
Guilherme Radonni.
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