domingo, 23 de janeiro de 2011
Poema de um suicida não realizado.
O líquido etéreo que fez da hora tédio
Que os degraus percam a direção
E não encaminhem para cima ou para baixo
Tudo sem eixo. Ao contrário
Sem ordem ou regra.
O problema destes versos
É que eles não compõem a uma profecia
Poesia sem cronologia, perdida no papel
Sem inspiração.
Já é vicio dos fracos
Vociferar o caos ao invés do belo
E eu não me excluo desta regra
Não sou eu a excessão
Sou apenas um corpo caído
Que lambe o chão e cheira o asfalto.
Dentro de mim, a dor suja dos moribundos
E a policromia dos que fogem
Em qualquer mancha de cor
Que disfarce o cinza do mundo.
Deito nos trilhos e suplico ao último vagão
Que me leve em seu itinerário imaginário
E enquanto espero
Permaneço ali
Vazio e estático.
Guilherme Radonni.
sábado, 22 de janeiro de 2011
A espera de uma inspiração que não chega.
Por um tempo tudo que escrevi
Foi o silêncio refletindo no branco do papel
Minha ausência imaginária
Esquartejada aos pedaços de uma inspiração muda
Um poeta sem versos
Talvez a culpa seja da falta de cor
E escrever sobre o cinza só realça a falta de contraste
Que atropela minhas horas.
Escrever sobre o que?
Se tudo está gasto e com cheiro de pó
Envelheci antes do tempo
Meu prazo de validade se esgotou
E ainda não tenho vinte anos
Agora, cultivo a espera de não esperar mais nada
Refletida em um tudo sem perdão algum
Se ao menos soubesse o que dizer
Para calar todas essas vozes
Mas ainda não sei,
Talvez nunca soube
Apenas dizia para sanar o minuto seguinte
Mas o minuto seguinte nunca chega
E essa contaminação do passado
Embriaga meu presente
No entanto o tempo não para
Sou eu que estou parado na continuidade do mundo
Girando sem eixo de cabeça pra baixo.
Guilherme Radonni e Tábatta Iori.