segunda-feira, 28 de junho de 2010

Intervalo em âmbar.

A tarde tragava as horas
Junto aos ponteiros do relógio
Esqueci minha rotina,
Esqueci minhas sapatilhas em baixo da cama
Equalizadores, cigarros e cotidiano deturpado
Tudo em âmbar
Tudo em mim, escorrendo em forma de olhar
Branco, azul e laranja
Cores não bastam,
Não agora
Tudo está monocromático
Um tanto assim, misturado.
A janela assistia aberta,
A paisagem de dois quadros num só
Enquanto o quadro fora da janela
Estava sem moldura.
Permanecia estático e sem surrealismo
Como se a ordem das coisas tivessem sido feitas
Só para fazer contraste com a exposição que acontecia dentro de mim
Quando soube o que era ter ordem
Já não sabia ter ordem
Por isso dançava
E na dança improvisada, o riso do piano
O riso sem jeito do armário tímido
Que não sabia assistir a inspiração
Que procedia o intervalo.
Partitura de um dia anti-cinza
Sinfonia de dois corpos que se atraem
Acho graça da lei de atração
Como se a metafísica entende-se sobre essas coisas.

Guilherme Radonni.

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