sexta-feira, 11 de junho de 2010

E a balsa partiu.

Já não tenho letras,
já não tenho sonhos,
já não tenho tempo.
Levou tudo,
como uma tempestade que só passa...
E agora sobrou aquela velha balsa,
para o lugar mais escuro e sujo.
Mas o que mata,
é não saber para onde ela vai,
pra onde ela segue...
Só sei que muitos já embarcaram,
mas não tão próximos.
A água já corre limpando,
e dizendo que nada sobrou.
na volta daquela onda
o que resta é o chão.
E isso porque me ensinaram
que o chão é o limite,
então porque te colocaram mais abaixo?
te expuseram e te jogaram lá.
Já não tenho mais dança,
já não tenho mais música.
Você levou tudo contigo,
debaixo do chão.
Não tenho mais como escrever,
meus dedos ficaram com você,
e minha alma então?
Virou sucata,
virou memória:
Memória de Alma!
Já não sei esperar,
pois não tenho também o tempo.
Dizia que tudo ia passar,
mas você passou por mim,
e esqueceu de me empurrar também pro abismo.
Enquanto agora eu aguardo...
olhando a balsa,
aguardo...
Jà não consigo mais parar,
já não consigo mais...
já não...
parar...
E a balsa partiu.

Tábatta Iori. Para alguém que passou...

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