Quem de nós nunca sentiu saudades da inocência?
Da nostálgica pureza de viver sem pensar no amanha
Da velha inocência que tem uma criança ao acordar
Do sentimento transparente de descobrir a cada dia
Um milagre da vida, já que a vida é feita de milagres
E nunca paramos de viver, pois mesmo depois da “morte”
Permanecemos vivos em outros lugares
Ou no coração de cada um que realmente nos amou
Mas parece que com o tempo esquecemos disso,
Esquecemos que nós somos milagres da vida
Esquecemos da eternidade e as vezes até da sensação de estar
vivo
E tudo parece se transformar numa vaga lembrança distante
De uma infância feliz que seguiu desbotando
Até virarmos o que somos hoje
Carcaças ambulantes formatadas aos costumes automáticos,
Mas ainda há tempo de se auto resgatar,
Afinal o tempo não existe, não para quem crê na eternidade,
E sendo assim podemos voltar no tempo,
Voltar ao estado de pureza, retroceder da contaminação
Para então redescobrir a vida como ela é
Milagrosa, imprevisível e eterna
Vire-se para dentro, abra todas as gavetas
Revire os álbuns empoeirados dá memória
E relembre da primeira vez
Que seus olhos marejados avistaram o mar
Dos primeiros sonhos que nunca se apagam
Da primeira vez que sentiu amor sem saber ao certo o que era
isso
E lembre-se da sua alma, da sua essência original
Que mesmo sufoca pelas ilusões do mundo
Ainda esta aí, em teu coração esperando seu despertar
Para que o milagre da tua própria vida floresça.
Guilherme Radonni.